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Qual o sabor do conto que você gostaria de ler?

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Bolinhos confeitados dos alunos de Santa Rosa, RS

Bolinhos confeitados que os alunos da Escola Estadual de Educação Visconde de Cairu, Santa Rosa, Rio Grande do Sul, enviaram para a Casinha. "Joaninha sem bolinha" foi o conto escolhido.  Obrigada, Prof. Indiara Veçozzi por essa deliciosa surpresa.
















segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dona Cegonha


Prazer, sou Dona Cegonha. Você já deve ter ouvido falar muito de mim. Não vai se lembrar, mas foi uma cegonha que levou você para a sua mamãe e seu papai. É isso mesmo, trabalho com entregas. É como o trabalho do carteiro, só que ele entrega cartas; eu entrego bebês. Trabalho dia e noite para atender a demanda, mas não trabalho sozinha. Assim como eu, são milhares as cegonhas fazendo entregas por esse mundo afora. São tantas cegonhas pra lá e pra cá no céu, que até semáforo e briga de trânsito tem por lá. "Bi bi, vamos logo, estou atrasada. Esse bebê era para ter sido entregue há pelos menos meia hora". "Anda logo sua cegonha lenta, meu bico está até envergando de tão grande que é esse bebê". "Sabe como eu faço para chegar na Maternidade Bebê Feliz?" E é assim o dia todo. Como as entregas têm hora marcada, eu já tomei várias multas por excesso de velocidade. Isso não é legal, mas não gosto de atrasar para não deixar papai e mamãe aflitos. Na fábrica, a produção não pára nunca. Bebês meninas para um lado. Bebês meninos para o outro. Na fralda de cada um deles tem o nome do papai e da mamãe, a data, a hora e o endereço de entrega. Tem vezes que dois ou três fazem parte de uma só encomenda, e então para essa tarefa são recrutadas as cegonhas mais fortes. Elas passam o dia na academia, malhando o bico, para aguentar o peso quando chamadas. Em casos mais raros, 'cegonhas carretas' são recrutadas para levar mais de três bebês de uma vez só. Eu já fui uma dessas cegonhas malhadas, entregadoras de gêmeos e até trigêmeos, mas hoje, já no auge da aposentadoria, estou abrindo o bico, e só faço entregas express. "Gugu Dada". Preciso voltar ao trabalho, tem um bebê me chamando. Eles ficam felizes quando me vêem chegar. É porque sabem que logo estarão quentinhos no colinho da mamãe. Mas o que nunca consegui entender é por que quando lá chegam abrem o berreiro. Desculpa aos papais, mas modéstia parte, talvez seja a saudade que sentirão de mim, e eu deles. Ossos do ofício. Bebê entregue, dever cumprido. Mas o que eu queria dizer é que tenho o melhor trabalho do mundo. Entrego bebês e faço sorrisos. É minha a responsabilidade de ser portadora da felicidade e do futuro da humanidade. Ah, meu salário? Cifrões de alegria. 


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Bolinho confeitado da Giovanna Ofner, 5 anos

"Certa vez, perguntaram por que ele gostava tanto de balões? É onde guardo os meus sonhos"




(Do conto "Balão guardador de sonhos" )

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Menino verde

Brócoli.Espinafre.Jiló.Couve.Tudo verde. Prato preferido do menino Matheus, orgulho da mamãe e o sonho de outras. De vez em quando até rola um chocolate, pirulito e batata frita, mas só depois de comer sua porção verde. A mãe não sabe de onde vem esse apetite por verduras, mas lembra que quando pequeno só tomava seu leite, na mamadeira verde. “Mãe, tem brócolis?” E a mãe traz um prato dele picado, como quem traz a pipoca para acompanhar o desenho. “Terminei, e espinafre tem?” “Acabou, filho”. “Então vai buscar na casa do Popeye”. Casa do Popeye era o ‘hortifruti’ do bairro, que não vencia de estocar verduras e legumes para o menino. O jeito foi plantar uma horta no jardim de casa. Matheus plantava e regava suas verduras todos os dias, e colhia seu próprio jiló, como quem apanha maçãs para o lanche da escola. Vou levar dois na lancheira, assim posso dividir com meus amiguinhos. E então, chegava a hora do recreio. Lancheiras abertas e um festival de salgadinhos e bolachinhas. “Quer um pedaço do meu jiló?” E um eco invade a sala: “Ecaaaaa”. “Tudo bem, eu trouxe também brócolis picadinho”. E todos caíram na risada. A professora tentou explicar para os colegas que verduras e legumes são muito importantes para o crescimento e que Matheus é um exemplo para a turma. “Um exemplo verde”. Alguém gritou do fundo da sala. “De tanto comer verdura, vai ficar verde. E das suas orelhas vai sair um pé de brócolis”. Resultado, advertência na agenda do amigo e Matheus, chateado com um jiló inacabado nas mãos. Gostava de verdura sim, mais até do que de chocolate, mas não queria ficar verde e muito menos ser um pé de brócolis andando por aí. Contou para o pai, que deu risada e disse que forte ele já era, e que se ficasse verde, então viraria o 'Incrível Hulk', seu herói preferido. Matheus deu pulos de alegria. “Mãããeee, manda uma rodada de brócolis pra comemorar e guarda bastante para o lanche de amanhã”. No dia seguinte, na escola: “Oi, Matheus”. “Matheus não, Hulk por favor”. Ninguém entendeu. “Se vou ficar verde, e sou forte, então eu sou um super-herói”. Gabou-se, batendo no peito, enquanto abocanhava um suculento jiló. “Ahhhhhhh”, derreteram-se as garotas, enquanto uma fila de meninos se formava diante da sua lancheira. “Matheus, tem um pedaço para mim?”

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bolinho confeitado do Renatinho

Renatinho tem 1 ano e 8 meses e junto com sua mamãe confeitou esse lindo bolinho. Agora me fala, "quem é que não fica feliz em dia de Sol?"


O relógio desperta. Mais um dia vai começar. É hora de trocar de turno com a amiga Lua. “ Bom descanso, Lua”. “Bom trabalho, Sol”. De trás da montanha, dou uma espiada. É muito cedo ainda, e a maioria das pessoas ainda dorme. Antes de raiar, dou uma espreguiçada. Estico e alongo meus raios. O turno é puxado e vai demorar algumas horas até a Lua voltar. Pelo jeito hoje nem uma soneca eu vou tirar. As nuvens não vieram trabalhar. Você guarda um segredo do Sol? Não conta pra ninguém, mas quando as nuvens me escondem, eu tiro um cochilo!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Bolota de sabão


Nasceram de um sopro. Eram muitas, milhares. De diversos tamanhos, pequena, média, grande, minúscula, gigante. Seu tamanho dependia da força que vinha daquele sopro. Algumas flutuavam por muito tempo, quando alcançavam uma boa altura. Outras se espatifavam em segundos – ploft – quando tocadas. Era uma delícia vê-las flutuar, estourar, e a água espirrar.  Aline soprava sem parar, e do seu fôlego fazia surgir bolinhas de sabão que tomavam conta do quintal onde brincava. Muitas ultrapassavam os limites do muro, e flutuavam para algum lugar que Aline não podia alcançar. Imaginou como seria se pudesse voar assim, como aquelas bolhas de água e ar. Como seria ver o mundo de dentro de uma bolinha de sabão?  Desejou viajar dentro de uma delas, assim como se viaja de balão. Mas para isso precisava fabricar a maior bolinha que já tinha feito até então. Uma super bola de sabão. Juntou todo o ar que pôde no pulmão, e bem devagar começou a soprar a vareta. A bolinha começou a surgir, e a cada sopro ela crescia. Logo, lá estava ela. Uma bolota de sabão do seu tamanho!  Pronto, estava feito, mas como Aline entraria na bolota, sem que ela estourasse? Se com um simples toque conseguimos estourar a bolinha, como ela conseguiria transpor todo o seu corpo para dentro da bolota e mantê-la intacta? E depois que ela estivesse dentro, conseguiria ela flutuar com todo o seu peso?  Só testando para saber. Com um dedo Aline cutucou a bolota, e percebeu que aquela era diferente. Ela não era frágil e não estourava facilmente. Sua casca era como uma gelatina. Cutucou uma, duas, e na terceira vez conseguiu colocar toda a mão dentro dela. E a bolota permanecia firme. Depois da mão, foi o braço, depois a outra mão, o outro braço, uma perna, a outra perna e então só faltava a cabeça para ela estar com o corpo todo dentro da bolota. Respirou fundo, fechou os olhos e já! Não podia acreditar. Estava lá dentro e pronta para levantar vôo. Mas como conseguiria colocar a bolota no ar? Deu uma olhada ao redor do quintal em busca de uma idéia e o que encontrou foi uma pá esquecida no chão. Sim era isso! De dentro da bolota deu cambalhotas até que chegou na base da pá. E então chamou Bill, seu cachorro que veio cheirar a bolota e acabou pisando no cabo fazendo com que a bolota fosse arremessada para o alto. Como Bill era um cachorro muito grande, a bolota voou para muito longe do quintal. A decolagem foi um sucesso e Aline estava flutuando! De lá de cima, viu Bill bem pequeno. Sua casa também foi ficando bem pequenininha. E as pessoas na rua pareciam formiguinhas pra lá e pra cá. Como era gostosa aquela sensação. “Todo mundo deveria um dia passear em uma bolinha de sabão”, pensou. De repente, escutou um barulho. “Piu”! E era tudo o que Aline não queria ouvir. Um passarinho pousou na bolota e tentava bicá-la, e de “Piu!” pra “Ploft!” era questão de tempo. Com os braços tentou assustá-lo, mas quanto mais Aline balançava os braços, mais ele bicava. E não teve jeito, PLOFT, a bolota estourou. Aline fechou bem forte os olhos. Ela queria flutuar e não voar. Abriu um olho, depois o outro, e estava agarrada à sua boneca, deitada na sua cama. Despertou de uma soneca gostosa, e era hora de brincar. Do seu baú de brinquedos tirou uma boneca que fazia bolinhas de sabão. E bolas, bolinhas e bolotas preencheram o seu quarto cor-de-rosa.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Bolinho confeitado do Matheus

Dona Centopéia foi a personagem do bolinho "Joaninha sem Bolinha" que o Matheus Guedes Buratti, de 3 aninhos, escolheu e confeitou, com a juda da sua mamãe, para a nossa Casinha. Olha que charme!


"Chegou o grande dia. O dia do baile da Joaninha. Foram meses de preparação para aquela que era prometida ser a festa do ano do Reino Insetário. Todos os insetos haviam sido convidados, das saltitantes pulgas, que pularam metros quando receberam o aviso, às lesmas lerdas, que receberam o convite três semanas antes para conseguirem chegar a tempo. Não se falava em outra coisa nos quatro cantos da cidade. Baratinhas, borboletas, grilos, centopéias pra lá e pra cá no shopping à procura da roupa ideal. Dona Baratinha vai de casaca marrom. Sr. Grilo se comprou um terno verde. A perua Borboleta de vestido estampado. E os sapatos? Bom, os sapatos estão em falta - a Sra. Centopéia comprou todos."

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Balão guardador de sonhos

Ele adorava um aniversário. Não recusava nenhum. E não era porque gostava de bolo, do brigadeiro ou dos pirulitos. Ele gostava é das bexigas. Não entendia porque elas ficavam sempre no alto, presas à parede e ali permaneciam até o final da festa. Qual era a lógica? Seja qual for, por causa dela, passava a maior parte da festa imóvel, olhando para cima, indiferente às crianças que brincavam a sua volta, escolhendo a dedo o balão que levaria para casa. Não precisava ser o mais colorido, o mais bonito, mas tinha que ser o maior. Certa vez, perguntaram por que ele gostava tanto de balões.“É onde guardo os meus sonhos”; ”Ei, dá para adiantar o parabéns?” Perceba que é sempre depois de cortado o bolo, que algum adulto tem a brilhante idéia de cortar o barbante das bexigas. Para ele, mais do que apagar a velinha, é quando as bexigas despencam lentamente, o melhor momento da festa. Amarela ou azul. Verde ou rosa. Meninos e meninas disputam a cor da sua preferência. A dele já estava escolhida, desde o momento que chegou e colocou seus olhos sob ela. “Vem para o papai, Bexigão”. De posse dela, o pai amarra um barbante e ele passa o restante da festa exibindo o seu prêmio, andando para lá e para cá com seu balão flutuador. No carro todo o cuidado para não estourar. Em seu quarto, amarra o barbante no pé da sua cama, e lá ele fica guardando seus sonhos noite após noite. E de tanto guardar sonhos, ou ele estoura, ou ele cansa. Perde força, e murcha. E era uma vez um balão guardador de sonhos. O balão tem fim, mas os sonhos permanecem à espera de um próximo para guardá-los. Mamãe já ensinou que nada é para sempre, mas para sempre é possível sonhar. Veja só, chegou um convite para uma nova festa.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mais um bolinho confeitado

E a confeiteira é a Palloma Barros, de 7 anos, de Planaltina de Goiás. Ela escolheu o bolinho "Chuva de Alegria". 

"Nuvens até parecem algodão doce. Terá gosto a nuvem? Se tiver, qual será o sabor? Coloca um punhado de nuvem nas mãos e faz um bolinho. Está servido de um bolinho de nuvem? É como o bolinho de chuva. Vai, experimenta! Nham! Tem gosto de alegria."


Choveu alegria na nossa Casinha. Obrigada, Palloma!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cadê, São João?

Calça remendada. Dente pintado. Chapéu de palha. Pronto para o arraiá, a grande festa do Tio João, ou será São João? Não sou o noivo, mas tô bunito, sô. Com muita sorte, beijo a noiva. Tenho um plano para roubá-la do paçoca. Vai ser fácil pra canjica! E vai ser na quadrilha! Damas de um lado, cavalheiros do outro. Cumprimenta e forma o par. Um atrás do outro e faz o trem andar. Piuíí! “A ponte quebrou, já consertou”, mas o noivo caiu. “Olha a cobra, já foi embora”, mas tem uma noiva no meu colo. Noiva linda de bochechas rosadas, cabelo de trancinha, sorriso de janela. Não sou pamonha e tasco um beijo nela. “Olha o pai da moça, é mentira”, mas na dúvida, prefiro dar no pé. Pé de moleque corre rápido, feito busca-pé. Pula a fogueira, procura São João. "Está na barraca de pinhão". "Aqui ele não está. São João foi pescar, pipoca até lá". Santo que é, só ele pode me salvar. Não sou um batata, mas estou milho verde. Quem não tem medo de pai de noiva? Depois de um quentão, um caipira dá uma sugestão. "Foge no balão". Ei, balão não pode não! Alguém viu São João? "O que se fala é que pescou um peixão, embrulhou na bandeirinha e foi-se embora". Ele vai me achar, e agora? São João, São João, a culpa é toda sua. Acende a fogueira do meu coração e some como fogos de artifício. A cobra sumiu, São João fugiu, o pai da noiva viu. Me resta a maçã do amor. Duas, por favor. Uma para mim, caipira amedrontado; outra para o sogro, caipira empolgado. Empolgado? Pois é, ele me achou. E então, quando penso que vou virar batata roxa cai uma chuva de arroz doce. “Filha, dê um beijo no seu noivo. Não encontrei São João, mas trouxe Santo Antônio”.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Bolinho confeitado

Esse é o bolinho confeitado da Bruninha Patti, de 8 anos. Ela escolheu o continho “O Presente da Mamãe”. Mas quem recebeu o presente fomos nós. Obrigada, Bruna pelo lindo bolinho (ops, desenho) ! 


"Olho para as vitrines, e o que vejo é o reflexo de um filho, cansado de caminhar pelos corredores de lojas e desiludido por não encontrar o melhor presente para a melhor mãe do mundo. Poderia não me preocupar. Se eu chegar em casa de mãos vazias, o discurso sincero será - que o maior presente da vida dela sou eu. Acredito nisso, mas não vou me enrolar em um laço de presente. Volto pra casa, na esperança de uma idéia que cruze meu caminho. Mas o que cruzou foi uma flor. Grande e de um vermelho tão intenso, quanto um coração. Eram centenas delas. Centenas de corações. Dá pra embrulhar? Não, não dá. Chego em casa e ela me espera. Abre os braços e me aperta. Certamente está agradecendo o presente sem laço de fita, eu. Mas eu tenho um presente. Pego sua mão, proponho um passeio e te entrego um jardim”  (Do conto O Presente da Mamãe). 

terça-feira, 14 de junho de 2011

Brincadeira dos Bolinhos Confeitados

E quem confeita os bolinhos é você. 
Escolha um bolinho (ops, continho)!
Pegue uma folha em branco e lápis de cor e faça um desenho do bolinho. 
Envie o bolinho confeitado (ops, desenhado) para casinhadoscontos@gmail.com
Todos os desenhos serão postados no blog e a Casinha oferece um brinde para quem participar. 
Não esqueça de colocar nome da criança, idade e endereço (para envio do brinde). 
Papais e mamães também podem participar!
O pequeno Fabrizio e a Fabiana, mamãe da Bruna já enviaram seus bolinhos.  
Esperamos o seu!
 
Beijinhos e Bolinhos!

Bolinhos confeitados


A boleira prepara o bolo, e as mamães e filhotes confeitam com desenhos.

O conto Joaninha sem Bolinha foi confeitado pela mamãe da Bruninha Patti.

Olha que fofo!  Joaninha sem bolinha, e de pretinho básico!

A Casinha adorou esse bolinho (ops, desenho) ! 




sexta-feira, 10 de junho de 2011

Em que mundo está João?

Andava quieto e suspirando pelos cantos. Nem com seus brinquedos, ele havia brincado nos últimos dias. Chegava da escola e se trancava no quarto. Mamãe falava, e ele não ouvia. Em que mundo está João, que não fala e só suspira? “Esse menino anda estranho”, comentou a mãe com o pai. “Vai ver tirou nota baixa e não quer nos contar”, comentou o pai com a mãe. “Filho, está tudo bem?” E a resposta, seguida de suspiro: “Está”. “Filho, vem brincar!” E um suspiro, seguido de resposta: “Já sou grande!” E assim suspirando pelos cantos (mais pelos cantos do quarto, de onde ele não mais saía), passaram-se dias. Os pais, preocupados, não sabiam mais o que fazer para agradar: vídeo-game liberado, guloseimas no jantar. Mas nada animava João, que continuava a suspirar no mesmo compasso da respiração. Em que mundo está João, que não come, não brinca, e só suspira? Os pais marcaram uma consulta. “João tem tosse, febre ou dor de barriga?” “João tem suspiros alternados com taquicardia”. “Dói o pé? Dói a cabeça? Dói o dedão?” João, em suspiros, responde que não. “O que dói então, João?” Leva o dedo ao coração. Está explicado, João em suspiros está apaixonado. Na receita do médico, nem injeção e nem remédio. O xarope para a dor, é levar para a donzela uma flor.  Flor não tem em farmácia, pega uma rosa no jardim da praça. Suspira e entrega para ela, e um beijo ele ganha da donzela. Em que mundo, está João, que saiu flutuando? João está curado. João está amando.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Menina de lápis de cor

Folha branca, baú de cores infinitas.
Ela enxágua o papel com um oceano que sai do lápis azul.
Um sol nasce da ponta amarela daquele lápis.
Para um arco-íris, uma caixa de cor.
Ela puxa o verde, e planta uma árvore.
Rega com o lápis branco, que se faz água.
Brota uma flor de tinta rosa.
E voam pinceladas de borboletas.
Ela mistura e faz desabrochar um jardim.
Onde mora uma menina de traço preto.
Olhos vivos de cores mil e mãos de todas as cores.
Do seu coração pulsa um lápis vermelho. 
Nasce uma artista dentro de um desenho.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O presente da Casinha


Esta história fala da amizade entre uma boleira e um garotinho de 4 anos, o Fafá. Fafá ainda não sabe ler, mas gosta de comer bolinhos. É um devorador deles. Ele é capaz de sentir o cheiro do bolinho assando a quilômetros de distância e desde que a Casinha abriu suas portas, Fafá já experimentou todos os continhos.  Todo dia de bolinho, a campainha da Casinha toca. “Oi Dona Boleira, o cheirinho hoje está maravilhoso. É conto do quê? " “É bolo de Joaninha”.  E depois de ganhar o seu pedaço , Fafá vai embora feliz e lambendo os dedos de chocolate. "Até amanhã, Dona Boleira". Din don. “Já é amanhã, hoje tem bolo do quê?”. “Hoje o conto é de lágrima”.  “Humm. Adoro bolinho salgado”. E se despede com seu pedaço de conto nas mãos.  Em um outro dia, depois de amanhã: Toc, toc, toc. “Chegou cedo, Fafá. O bolinho ainda está no forno e vai demorar até assar”. “Hoje eu não vim comer conto, Dona Boleira. Eu trouxe um presente para a Casinha”.  Fala com sorriso maroto e as mãos para trás como quem esconde algo. E então, estica os braços e entrega um bolo confeitado.  “Em gratidão a todos os bolinhos que eu já devorei". Este é o presente do Fafá para a boleira, que agradece emocionada: "Obrigada Fabrizio, você é que é o nosso maior presente e a nossa inspiração  para fazer cada vez mais bolinhos deliciosos”. Din don. "O Fabrizio está ? Vim buscar meu bolo em formato de abraço".  

terça-feira, 31 de maio de 2011

Joaninha sem bolinha

Chegou o grande dia. O dia do baile da Joaninha. Foram meses de preparação para aquela que era prometida ser a festa do ano do Reino Insetário. Todos os insetos haviam sido convidados, das saltitantes pulgas, que pularam metros quando receberam o aviso, às lesmas lerdas, que receberam o convite três semanas antes para conseguirem chegar a tempo. Não se falava em outra coisa nos quatro cantos da cidade. Baratinhas, borboletas, grilos, centopéias pra lá e pra cá no shopping à procura da roupa ideal. Dona Baratinha vai de casaca marrom. Sr. Grilo se comprou um terno verde. A perua Borboleta de vestido estampado. E os sapatos? Bom, os sapatos estão em falta - a Sra. Centopéia comprou todos. Mas a curiosidade de toda a cidade era o vestido da Joaninha. Ela que possuía o título de dama mais elegante da região, com seus vestidos de bolinhas, ora vermelhas, ora amarelas, como viria vestida no dia do seu baile? Só a Formiga costureira sabia qual era o modelito, que demorou meses até ficar pronto. Joaninha passou o dia no cabeleireiro. Teve dia de princesa. Tomou banho de banheira, aparou as antenas e fez um lindo penteado com laço de fita. E então, anunciaram a chegada do vestido, que veio dentro de uma caixa, escoltada por Vespas de ferrão em punho. “Ohhh”, exclamaram todos quando viram o vestido pronto. Era um vestido rodado, de paetê, e com aplicação de bolinhas coloridas da badaladíssima grife Arac&Nídeo. Até Gisele Lagarta já desfilou para eles. As bolinhas eram uma de cada cor, amarela, vermelha, verde, azul, e… pink? Cadê a bolinha pink? Faltava uma bolinha no vestido da Joaninha. “Procura pelo chão, pode ter caído”. Nada. “Ah, mas uma bolinha só ninguém vai reparar”. Dona Abelhuda, dona do salão, tentou acalmá-la. Em vão. Joaninha sem bolinha estava aos prantos. Irmãs Cigarras saíram gritando, e espalhando para todos que uma bolinha havia sumido do vestido da Joaninha e que uma recompensa seria dada a quem a encontrasse. Não dava mais tempo para cancelar o baile, mas ela também não poderia aparecer com uma bolinha a menos no grande salão. Arac e Nídeo estariam presentes, e certamente teriam um chilique se vissem a sua criação inacabada. “Dona Joaninha, está? Eu tenho notícias sobre a bolinha”. Dona Formiga entrou com agulha e linha na mão, e com vergonha avisou que havia esquecido de aplicá-la ao vestido. Pronto, estava resolvido. Era novamente um autêntico Arac&Nídeo. “Mas espera um pouco” – falou Joaninha para o espelho – “agora toda a cidade já sabe qual o modelo do meu vestido?” “Dona Formiga, preciso de um favor. Arac & Nídeo que me perdoe, mas eu quero é arrasar. Arranque todas as bolinhas do vestido. Joaninha Sem Bolinhas é o meu nome hoje, e pretinho básico está sempre na moda”.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Bom trabalho, Sol

O relógio desperta. Mais um dia vai começar. É hora de trocar de turno com a amiga Lua. “ Bom descanso, Lua”. “Bom trabalho, Sol”. De trás da montanha, dou uma espiada. É muito cedo ainda, e a maioria das pessoas ainda dorme. Antes de raiar, dou uma espreguiçada. Estico e alongo meus raios. O turno é puxado e vai demorar algumas horas até a Lua voltar. Pelo jeito hoje nem uma soneca eu vou tirar. As nuvens não vieram trabalhar. Você guarda um segredo do Sol? Não conta pra ninguém, mas quando as nuvens me escondem, eu tiro um cochilo. Às vezes dura o dia inteiro, quando elas resolvem ficar para conhecer a cidade. Mas quando elas estão só de passagem, a soneca é bem rápida. Não dá tempo nem de roncar e elas gentilmente me acordam para eu não ser pego no flagra. “Ei Sol, estamos de saída. Hora de voltar a brilhar”. E eu reapareço com a cara ainda meio amassada, mas logo me torno grande e poderoso. Cheio de energia para aquecer o dia. Enquanto te conto esse segredo, saio de trás da montanha. Em pouco tempo ocupo minha cadeira no topo mais alto do escritório do céu. Dona Gaivota me traz uma xícara de café. Senhora Andorinha dá o aviso: “avião se aproximando”. Zummm! O barulho é tão alto que quase me derruba da cadeira. “Boa viagem, amigos”. E então, dou início ao meu trabalho. Tarefa do dia: iluminar a cidade. Raios a postos. Segunda tarefa do dia: aquecer as pessoas. Trabalho concluído: aquecer o coração das pessoas. Quem é que não fica feliz em dia de sol? Final do expediente. Hora de se retirar, bem devagar. Dona Lua já está a postos para ocupar a cadeira. Até amanhã, com ou sem nuvens. O Sol dá boa noite!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Papo de bicho


Reunião urgente na fazenda. Papo sério de bicho. Quá, quá, chora a pata. Óinc, óinc, não entende o porco. Mú, mú, pergunta a vaca. Mé, mé, responde a ovelha. Piu, piu, entrega o passarinho. Pocotó, pocotó, dispara a égua. Cocoricóóó, o galo anuncia o fim do casamento. Em papo de gente, o desfecho: o pato largou a pata pra surpresa do porco e que fez a vaca perguntar o que a ovelha não sabia, mas que o passarinho desconfiava da culpa da égua, que fugiu com o noivo. 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Baldinho de lágrima

Não gosto de ver adultos chorando. Fico triste. Adultos não deviam chorar! Tudo bem que nós crianças também choramos, e muito. Mas o nosso choro é diferente. É um choro necessário para chamar atenção da mamãe, como um despertador para a hora da mamada ou para a troca da fralda. Às vezes também sentimos dor, uma cólica, dor de ouvido, ou quando estamos manhosos; mas até mesmo esse choro é diferente das lágrimas que vejo despencar dos olhos dos mais velhos. Que gosto tem essas lágrimas? Amargas, se provocadas por uma tristeza; ou doces, se por uma alegria? Mesmo que alegre, lágrima de adulto é aflição. Uma vez perguntei para mamãe de onde ela vem. “Do fundo do coração”. Se vem bem do fundo, é um sentimento guardado, esquecido, que para se libertar, faz o coração doer. A verdade é que eu queria, com um baldinho, sair por aí recolhendo lágrimas. Aí jogaria todas elas em um rio. Um rio de lágrimas, com forte correnteza, para levá-las embora, pra bem longe das pessoas que eu amo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Rebola minhoca

Lola, a minhoca, estava um dia trabalhando em sua terra fofa. De repente tudo ficou escuro. Foi parar dentro de uma lata de alumínio com outras colegas minhocas.  “- Onde estamos?”.“ – Parece uma lata”. “– Ei, pára de chacoalhar, estou ficando tonta, muito tonta....” E pá! Lola desmaiou. Acordou pendurada pela boca em um anzol, pronta para ser mergulhada no rio. Não conseguia falar. Precisava gritar, pedir socorro, e o único jeito que encontrou foi rebolar. E rebolou. Bundinha pra lá, bundinha pra cá. Pra frente e pra trás. Não conseguiu se soltar, mas chamou a atenção do pescador, que achou graça. Com o dedo a cutucou, como se pedisse bis – e Lola rebolou em mais uma tentativa frustrada de fuga. Lola cansou, desistiu. Era chegado o fim. Em minutos seria mergulhada nas águas gélida do rio e se tivesse sorte, seria abocanhada por um peixe que passava faminto. Assim, sem dor, como ela merecia – há anos havia sido eleita a melhor adubadora de terras daquele jardim. Fechou os olhos, ensaiou uma prece e esperou pelo pior em três, dois, um. E nada. Sentia seu corpo ainda suspenso no ar. Teria sido tão rápido assim? Abriu um olho, depois o outro, e se deparou com uma plateia de pescadores, que olhavam para ela com olhos admirados. O pescador, dono do anzol, se aproximou. Apontava para Lola e falava dela para seus amigos.  Estava anunciado o início do show. Com um dedo a cutucou, e Lola, recomeçou a rebolar. Bundinha pra lá. Bundinha pra cá. Pra frente. Pra trás. E clap, clap, clap, uma salva de palmas.  Lola, de comida de peixe havia virado estrela.  

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Casinha maluca


Era uma casa muito engraçada, mas tinha teto e tinha parede.
E tinha boca, e tinha nariz e no lugar de janelas, tinha olhos.

Janelas fechadas, casinha dormindo.
Uma janela aberta e outra fechada, casinha piscando.
Janelas abertas, casinha acordada.

Só pode entrar, se a boca se abrir
e da porta, uma língua de tapete surgir.  

Despertava a curiosidade de quem na frente passava
Era uma casa muito assanhada,
e gostava de conversar com as pessoas na calçada.

- Psiu. Tudo bem? 
- Quem está falando comigo se não tem mais ninguém além? 

Uma janela fecha, a outra abre.
- Será possível a casa ter piscado e isso ser verdade?

- Maluco devo estar,
a porta se abre e a casa começa a falar.

- Aceita um convite para uma xícara de chá?
É só dizer sim e um tapete vermelho se desenrola já. 

- Sim, eu aceito o agrado,
mas, se eu entrar serei devorado?

– Não, depois de satisfeito, você será cuspido. 
Ops, quero dizer, devolvido ! 

terça-feira, 10 de maio de 2011

Viagem de boné

Era um boné como outro qualquer. Largado em um canto da rua, esquecido. Certamente alguém perdeu sem perceber. Azul, bonito, brilhante, e por isso chamou a atenção dos garotos que jogavam futebol no campinho naquela manhã. “– Eu vi primeiro”. “– Não, mas eu é que peguei.” “– É meu, é meu” – e começou a disputa. Passou de mão em mão, até que parou na cabeça de Pedro. “– Ele fica bem mais bonito em mim e parece um boné que meu primo trouxe da Disney e...”.  E de repente, Pedro sumiu, como num passe de mágica, diante dos olhos arregalados da turma.  “– Pedro? Onde está você? Não estamos gostando dessa brincadeira”.  E Pedro e nem o boné apareceram. Ele aparece gritando dentro de um carrinho de montanha-russa. Está feliz. Na Disney. Era como um sonho, mas como ele teria parado nesse sonho? Começou a se perguntar. Lembrava apenas que minutos atrás ele estava na rua de casa, disputando com os amigos quem ficaria com o boné azul. Ah, o boné azul. Ele ainda estava lá, intacto na sua cabeça. Pegou com as mãos e ficou olhando fixamente para ele. “– Que boné bacana!”– um garotinho, de olhinhos puxados, se aproximou. “– Você comprou aqui? Lá no Japão não tem bonés assim”. Pedro colocou de volta o boné na cabeça “– Japão? Você mora no Japão?”  E sumiu novamente, deixando o garoto perplexo diante daquele sumiço. Japão é a próxima escala de Pedro. Rua movimentada e olhinhos puxados para todos os lados.  E o boné na cabeça. Se o Japão fica do outro lado do mundo, como em segundos ele havia parado lá? Lembrou que Japão foi a última palavra que disse antes de ser transportado. Desconfiou então que aquele não era um boné comum. Ele tinha poderes especiais, e que poderia levá-lo para onde ele desejasse. Bastava dizer o destino. Fez o teste. “–Paris, mamãe sempre fala de Paris”. E num piscar de olhos lá estava ele, minúsculo embaixo da Torre Eifel. “– Incrível!  Meus amigos não vão acreditar. Mas antes de voltar, vou viajar por aí mais um pouquinho. Quero ir para a Itália, terra do vovô!”. E Pedro reaparece de frente a um prato de macarronada. De barriga cheia, hora de fazer um exercício para queimar caloria. “– Vamos surfar, Havaí já!”. E ele é transportado para o topo de uma onda. “–Neve, eu nunca vi. Próxima parada, Antártida. Brrrr, que frio”. “–Sempre tive vontade de conhecer os leões bem de perto. África, aqui vou eu”. E ele aparece no meio deles. “-Eles são tão grandes, tão lindos, e... estão vindo em minha direção”. E Pedro começa a correr. “-Socorro! Casa, eu quero ir pra casa!” Última parada. Destino final. Pedro reaparece diante de seus amigos, que começam a abraçá-lo e a perguntar por onde ele havia andado. “–Bom, por onde eu começo? Eu fui conhecer o Mickey, comí um sushi no Japão, visitei a torre mais famosa do mundo em Paris, almocei uma bela macarronada na Itália, ‘peguei umas ondas’ no Havaí, brinquei com os pingüins da Antártida, e por último cheguei bem perto dos leões na África”. Todos estavam boquiabertos e concordavam que Pedro havia enlouquecido. “- E quem me levou pra dar esse passeio foi o Meu Super Boné”. Colocou as mãos na cabeça, e nada encontrou. Ele deve ter caído lá pela África enquanto fugia dos leões. Os amigos não acreditaram em Pedro, e caçoando dele deram as costas para o amigo. “–Nós aqui preocupados, e você chega inventando uma história dessas? Sua mãe não te ensinou que é feio mentir”? Foram caminhando para o campinho, rindo da história que Pedro havia contado.  E quando lá chegaram, estarreceram diante de um leão que brincava com um boné azul.

sábado, 7 de maio de 2011

O presente da mamãe

Vou sair com meu pai para comprar o presente da mamãe. Hoje é o dia dela. Papai me pergunta onde quero ir, o que quero comprar. Penso para responder. “Vamos ao shopping, mamãe gosta de bolsas e sapatos”. Tem mais disso do que eu tenho de brinquedos. Mas eu entendo, ela quer estar sempre linda. Não que para isso ela precise de sapatos e bolsas. Para mim, ela é naturalmente linda. Essa necessidade deve ser a tal da ‘compulsão feminina’ que papai sempre fala, e significa: ‘nossas mães terem mais bolsas e sapatos do que precisa’. Mas se é o que ela gosta, aquela bolsa parece combinar com ela. Não sei, talvez muito comum. O sapato é bonito, mas não me encanta. Sabe, o presente tem que me encantar, e não quero que ele seja ‘mais um’ por causa da tal compulsão falada lá em cima. Afinal, ele é para a mais encantadora das mulheres desse planeta. Papai arrisca uns palpites, mas acho que não vou seguir - aquele aspirador de pó que ele deu no aniversário dela não deixou mamãe muito feliz. Perfumaria - mas ela já é tão perfumada. Lojas de roupas - mamãe está sempre na moda. Utilidades domésticas nem pensar - nada que faça mamãe trabalhar. Olho para as vitrines, e o que vejo é o reflexo de um filho, cansado de caminhar pelos corredores de lojas e desiludido por não encontrar o melhor presente para a melhor mãe do mundo. Poderia não me preocupar. Se eu chegar em casa de mãos vazias, o discurso sincero será - que o maior presente da vida dela sou eu. Acredito nisso, mas não vou me enrolar em um laço de presente. Volto pra casa, na esperança de uma idéia que cruze meu caminho. Mas o que cruzou foi uma flor. Grande e de um vermelho tão intenso, quanto um coração. Eram centenas delas. Centenas de corações. Dá pra embrulhar? Não, não dá. Chego em casa e ela me espera. Abre os braços e me aperta. Certamente está agradecendo o presente sem laço de fita, eu. Mas eu tenho um presente. Pego sua mão, proponho um passeio e te entrego um jardim.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A menina que brincava de carrinho


Desde pequena ela ouvia todo mundo dizer - meninas brincam de boneca e meninos brincam de carrinho. Mas ela gostava mesmo é dos carrinhos do irmão. Natal e aniversário, lá vinha Papai Noel e parentes trazendo as mais variadas bonecas – boneca que fala, boneca que faz xixi, que come papinha, bate-palminha. Tinha todas as coleções. Será que não podiam inventar uma boneca que brinca com carrinho? Não vale aquelas bonecas louras em seus carros cor-de-rosa. Ela queria bonecas radicais, que dirigem máquinas possantes, rápidas como um foguete. Sonhava com isso, enquanto abria os pacotes e se deparava com mais uma boneca risonha dentro da caixa.  “Legal, obrigada”. Agradecia com sorriso de canto de boca e olhos esticados para o presente do irmão. E ele ganhava mais um carrinho para a sua super coleção de velozes. Aquele não era um mundo justo. Ela gostava de carrinhos e ganhava bonecas. Ele gostava de carrinhos e ganhava carrinhos. Não entendia o porquê dessa diferença. Ela até tentou brincar com suas bonecas por um tempo, mas se entediou em meio à papinhas e fraldas. Queria mesmo era os carrinhos do irmão. Mas era pegar um deles e ensaiar uma corrida – Bi bi fon fon!  – lá vinha a mãe com aquele papo que brincadeira de carrinho era para garotos. De um lado suas bonecas empilhadas, do outros os carrinhos estacionados. Olhou para um, olhou para o outro e teve a idéia de sua vida. Colocou cada boneca sentada em um carro, passou pela mãe na cozinha, buzinou e em alta velocidade -  Vrrrummmmm – avisou que estava atrasada para levá-las ao cabeleireiro.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Chuva de alegria

Com pés descalços, pula que pula na nuvem, como se fosse uma cama elástica. Ah, que fofinha e branquinha ela é. Pula e cai sentado. Pula e cai deitado. De frente. De costas. Nuvens até parecem algodão doce. Terá gosto a nuvem? Se tiver qual será o sabor? Coloca um punhado de nuvem nas mãos, e faz um bolinho. Está servido de um bolinho de nuvem? É como o bolinho de chuva. Vai, experimenta. Nham! Tem gosto de alegria. Me dá mais um pedaço dessa alegria. Poderia devorá-la inteira, mas aí posso cair e não vai sobrar nenhum pedacinho de nuvem pra brincar. Agora, sou um pirata. A nuvem pode ser um navio? Com as mãos, aperta daqui, aperta de lá, molda do seu jeito. Está aí o seu navio. Nuvens têm sabor e têm formas. E tem cor. De repente, ficou cinza. Ei você aí de baixo, prepara o guarda-chuva. Navio pirata manda avisar que vai chover gotas de alegria.