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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Bolinhos confeitados dos alunos de Santa Rosa, RS

Bolinhos confeitados que os alunos da Escola Estadual de Educação Visconde de Cairu, Santa Rosa, Rio Grande do Sul, enviaram para a Casinha. "Joaninha sem bolinha" foi o conto escolhido.  Obrigada, Prof. Indiara Veçozzi por essa deliciosa surpresa.
















segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dona Cegonha


Prazer, sou Dona Cegonha. Você já deve ter ouvido falar muito de mim. Não vai se lembrar, mas foi uma cegonha que levou você para a sua mamãe e seu papai. É isso mesmo, trabalho com entregas. É como o trabalho do carteiro, só que ele entrega cartas; eu entrego bebês. Trabalho dia e noite para atender a demanda, mas não trabalho sozinha. Assim como eu, são milhares as cegonhas fazendo entregas por esse mundo afora. São tantas cegonhas pra lá e pra cá no céu, que até semáforo e briga de trânsito tem por lá. "Bi bi, vamos logo, estou atrasada. Esse bebê era para ter sido entregue há pelos menos meia hora". "Anda logo sua cegonha lenta, meu bico está até envergando de tão grande que é esse bebê". "Sabe como eu faço para chegar na Maternidade Bebê Feliz?" E é assim o dia todo. Como as entregas têm hora marcada, eu já tomei várias multas por excesso de velocidade. Isso não é legal, mas não gosto de atrasar para não deixar papai e mamãe aflitos. Na fábrica, a produção não pára nunca. Bebês meninas para um lado. Bebês meninos para o outro. Na fralda de cada um deles tem o nome do papai e da mamãe, a data, a hora e o endereço de entrega. Tem vezes que dois ou três fazem parte de uma só encomenda, e então para essa tarefa são recrutadas as cegonhas mais fortes. Elas passam o dia na academia, malhando o bico, para aguentar o peso quando chamadas. Em casos mais raros, 'cegonhas carretas' são recrutadas para levar mais de três bebês de uma vez só. Eu já fui uma dessas cegonhas malhadas, entregadoras de gêmeos e até trigêmeos, mas hoje, já no auge da aposentadoria, estou abrindo o bico, e só faço entregas express. "Gugu Dada". Preciso voltar ao trabalho, tem um bebê me chamando. Eles ficam felizes quando me vêem chegar. É porque sabem que logo estarão quentinhos no colinho da mamãe. Mas o que nunca consegui entender é por que quando lá chegam abrem o berreiro. Desculpa aos papais, mas modéstia parte, talvez seja a saudade que sentirão de mim, e eu deles. Ossos do ofício. Bebê entregue, dever cumprido. Mas o que eu queria dizer é que tenho o melhor trabalho do mundo. Entrego bebês e faço sorrisos. É minha a responsabilidade de ser portadora da felicidade e do futuro da humanidade. Ah, meu salário? Cifrões de alegria. 


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Bolinho confeitado da Giovanna Ofner, 5 anos

"Certa vez, perguntaram por que ele gostava tanto de balões? É onde guardo os meus sonhos"




(Do conto "Balão guardador de sonhos" )

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Menino verde

Brócoli.Espinafre.Jiló.Couve.Tudo verde. Prato preferido do menino Matheus, orgulho da mamãe e o sonho de outras. De vez em quando até rola um chocolate, pirulito e batata frita, mas só depois de comer sua porção verde. A mãe não sabe de onde vem esse apetite por verduras, mas lembra que quando pequeno só tomava seu leite, na mamadeira verde. “Mãe, tem brócolis?” E a mãe traz um prato dele picado, como quem traz a pipoca para acompanhar o desenho. “Terminei, e espinafre tem?” “Acabou, filho”. “Então vai buscar na casa do Popeye”. Casa do Popeye era o ‘hortifruti’ do bairro, que não vencia de estocar verduras e legumes para o menino. O jeito foi plantar uma horta no jardim de casa. Matheus plantava e regava suas verduras todos os dias, e colhia seu próprio jiló, como quem apanha maçãs para o lanche da escola. Vou levar dois na lancheira, assim posso dividir com meus amiguinhos. E então, chegava a hora do recreio. Lancheiras abertas e um festival de salgadinhos e bolachinhas. “Quer um pedaço do meu jiló?” E um eco invade a sala: “Ecaaaaa”. “Tudo bem, eu trouxe também brócolis picadinho”. E todos caíram na risada. A professora tentou explicar para os colegas que verduras e legumes são muito importantes para o crescimento e que Matheus é um exemplo para a turma. “Um exemplo verde”. Alguém gritou do fundo da sala. “De tanto comer verdura, vai ficar verde. E das suas orelhas vai sair um pé de brócolis”. Resultado, advertência na agenda do amigo e Matheus, chateado com um jiló inacabado nas mãos. Gostava de verdura sim, mais até do que de chocolate, mas não queria ficar verde e muito menos ser um pé de brócolis andando por aí. Contou para o pai, que deu risada e disse que forte ele já era, e que se ficasse verde, então viraria o 'Incrível Hulk', seu herói preferido. Matheus deu pulos de alegria. “Mãããeee, manda uma rodada de brócolis pra comemorar e guarda bastante para o lanche de amanhã”. No dia seguinte, na escola: “Oi, Matheus”. “Matheus não, Hulk por favor”. Ninguém entendeu. “Se vou ficar verde, e sou forte, então eu sou um super-herói”. Gabou-se, batendo no peito, enquanto abocanhava um suculento jiló. “Ahhhhhhh”, derreteram-se as garotas, enquanto uma fila de meninos se formava diante da sua lancheira. “Matheus, tem um pedaço para mim?”