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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cadê, São João?

Calça remendada. Dente pintado. Chapéu de palha. Pronto para o arraiá, a grande festa do Tio João, ou será São João? Não sou o noivo, mas tô bunito, sô. Com muita sorte, beijo a noiva. Tenho um plano para roubá-la do paçoca. Vai ser fácil pra canjica! E vai ser na quadrilha! Damas de um lado, cavalheiros do outro. Cumprimenta e forma o par. Um atrás do outro e faz o trem andar. Piuíí! “A ponte quebrou, já consertou”, mas o noivo caiu. “Olha a cobra, já foi embora”, mas tem uma noiva no meu colo. Noiva linda de bochechas rosadas, cabelo de trancinha, sorriso de janela. Não sou pamonha e tasco um beijo nela. “Olha o pai da moça, é mentira”, mas na dúvida, prefiro dar no pé. Pé de moleque corre rápido, feito busca-pé. Pula a fogueira, procura São João. "Está na barraca de pinhão". "Aqui ele não está. São João foi pescar, pipoca até lá". Santo que é, só ele pode me salvar. Não sou um batata, mas estou milho verde. Quem não tem medo de pai de noiva? Depois de um quentão, um caipira dá uma sugestão. "Foge no balão". Ei, balão não pode não! Alguém viu São João? "O que se fala é que pescou um peixão, embrulhou na bandeirinha e foi-se embora". Ele vai me achar, e agora? São João, São João, a culpa é toda sua. Acende a fogueira do meu coração e some como fogos de artifício. A cobra sumiu, São João fugiu, o pai da noiva viu. Me resta a maçã do amor. Duas, por favor. Uma para mim, caipira amedrontado; outra para o sogro, caipira empolgado. Empolgado? Pois é, ele me achou. E então, quando penso que vou virar batata roxa cai uma chuva de arroz doce. “Filha, dê um beijo no seu noivo. Não encontrei São João, mas trouxe Santo Antônio”.

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